esta semana fui atacado de nostalgia… não daquela bacoca, alimentada de memórias tristes e belorentas. não. lembrei-me dqueles dias de ‘mineiro’ (perdoem-me o uso da expressão tão própria, o ‘dono’ da expressão não se importará, sim maique?)…
dos dias bons de fotojornalista. dos dias em que o jornal, ainda era o grande jornal, o melhor, aquele para onde todos queriam ir e apenas alguns tinham o privilégio. dos dia em que havia trabalho, reportagens, os ‘serviços’ eram pelo país inteiro e podiámos estar ao almoço no alentejo e à tarde seguir para leiria… ainda há pouco tempo falava com um amigo sobre isso. dos dias em que se chegava ao trabalho e se saía para um sítio ainda desconhecido…
esse tempo dourado já lá vai… não que tenha vivido na era dourada do fotojornalismo, mas ainda tive um pequeno vislumbre do que seria.
e aconteceu que na quarta-feira tive de ir até ferreira do zêzere, num pequeno assignment, nada de especial nem complexo, mas fui com a alegria de outros tempos. conduzir pela estrada aberta à minha frente, ter um mapa (neste caso o mapa também ja foi substituído pelo gps no telemóvel) e as baterias carregadas. não havendo, de facto, nada de especial no acontecimento, eram pequenos episódios que me avivavam a memória. levantei-me bem cedo – para chegar lá com tempo – a contar com aquela parte em que às vezes temos de voltar para trás na estrada porque a saída era 20 kms antes… parar num café onde nunca tive e provavelmente não voltarei a estar, beber um café, olhar para as paredes decoradas ao gosto do dono… perguntar se conhece o tal sítio assim assado… fotografar, ver coisas diferentes, e ao mesmo tempo fazer fotos que não têm nada a ver com o trabalho mas que resultam bem e ficam no nosso arquivo, ou vão para o blog, ou simplesmente permanecem como um documento para mais tarde recordar… depois havia o almoço, onde é que se almoça? e o quê? ora estamos onde? hmmm… aqui deve haver bom bife… ou simplesmente parar na estação de serviço no regresso e comer qualquer coisa (foi o caso deste dia. não sei em quantas estações de serviço já estive, não estive em todas porque entretanto fizeram-se mais auto-estradas… mas já estive em muitas)
mais um café e de volta à estrada, chuva e algum frio, e nas placas o número em frente a Lisboa a diminuir… bateu-me tudo isto com alguma força e de cada vez que uma destas coisas aconteciam. a nostalgia batia-me à porta. com mais força ainda, pelos quase 4 anos que estive preso na redacção, a ver os meus colegas a partirem naquela mesma estrada em direcção a qualquer coisa, a entregar trabalhos que eu mesmo queria fazer, e a viajar apenas quando lhes editava as fotografias e passava os olhos pelos lugares na imagem. tive mais de nove anos no Público e tenho saudades de muita coisa… mas principalmente da ‘família’. no reino da nostalgia também moram coisas boas. por isso é que gosto da estrada. aquela pista de alcatrão (ou não) que se estende com a perspectiva de uma grande angular, como uma ‘passerelle’ para os pensamentos e as memórias que nos surgem com uma macro-objectiva, pormenores claros e bem focados… e o contraste a definir as formas. foi bom ter ido para a estrada outra vez. como se trabalhasse no jornal de antigamente. eu, a estrada, e o saco com a camera no banco do pendura.
just like the good’old days…
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